segunda-feira, 3 de setembro de 2012



Experiência com Quantidades 

   Em classe, a todo momento, surgem situações que permitem às crianças terem experiências com quantidades.
   Por exemplo, você tem quatro lápis na mão e vai distribuí-los a um grupo de cinco alunos.
Você pode perguntar :
- Vejam quantos lápis tenho. Será que posso dar um lápis para cada aluno?
Se os alunos tiverem dificuldades para responder, você os ajuda um pouco:
- Vamos ver. Quem fica com este lápis? E quem fica com este outro?
   Desta forma você leva as próprias crianças a fazerem a distribuição. No final elas percebem que falta um lápis.
   Nesta situação, as crianças podem comparar quantidades. Comparam a quantidade de lápis com a quantidade de crianças do grupo e podem perceber que há mais crianças do que lápis.    Elas conseguem fazer isso sem usar números.
   A partir de experiências como esta, trabalhando com quantidades, é que as crianças, pensando sobre a situação, vão construindo a idéia de número.
Vamos ver outro exemplo. Diante dos livros e cadernos empilhados você pergunta:

- Olhem! Há mais livros ou mais cadernos?
   A resposta a essa pergunta pode não ser tão fácil para as crianças. Elas podem achar que há mais livros porque eles formam uma pilha mais alta. É uma opinião razoável: mostra que elas têm um critério para responder.
   No entanto, elas estão confundindo a quantidade de cadernos com o tamanho da pilha de cadernos. Como vão perceber que quantidade e tamanho são coisas diferentes?
Primeiro, deixe que as crianças espalhem os livros e cadernos, mexam nos objetos e percebam como eles são.
   Se as crianças ainda não descobrirem que há mais cadernos, você coloca lado a lado um livro para cada caderno. Então ficará visível que sobra um caderno.

   Fazendo isso, as crianças podem compreender melhor o que é quantidade e perceber a diferença entre o tamanho da pilha e a quantidade de cadernos. É mais um passo para a formação da idéia de número.
   Muitas situações podem ser aproveitadas. Vejamos mais alguns exemplos: você pode pedir a um aluno que pegue os pratos da merenda na quantidade certa (um prato para cada aluno). Pode perguntar :
-Tenho o bastante para todos os alunos?
Você também pode fazer uma pergunta do tipo:
- Há mais meninos ou mais meninas na classe?
   Em todos esses momentos, estamos proporcionando experiências com quantidades e ajudando as crianças a formarem a idéia de número.
   Tente imaginar quantas situações assim você pode criar em sua sala de aula e anote-as. Faça uma lista quando você estiver preparando sua aula de matemática.
   Entretanto, atenção para o seguinte: devemos auxiliar as crianças mas não responder por elas. Elas devem usar a própria cabeça. A idéia de número não se explica. Ela vai se formando, pouco a pouco, dentro de cada criança.
   Tudo o que dissemos sobre as experiências com quantidades pode ser feito todo dia, um pouquinho por dia. Se você percebe que os alunos resolvem facilmente os problemas propostos, esse período inicial pode ser mais curto. Caso contrário, você propõe maior número de experiências.
   Veja, agora, uma situação interessante que uma professora inventou para desafiar suas crianças. Elas já tinham tido experiências com quantidades, mas o novo desafio era mais complicado. Nesse caso, elas não tinham duas quantidades para comparar. Tinham uma só e tiveram que descobrir a outra.
   A professora dividiu a classe em grupos de quatro, cinco ou seis alunos, deu um punhado de feijões para os grupos e disse:
- Vocês vão fazer os feijões falarem!
As crianças ficaram espantadas, mas a professora continuou :
- Os feijões têm que dizer quantas crianças têm neste grupo. Vocês não devem falar. Em vez disso, devem me mostrar os feijões. E eu, vendo os feijões tenho que saber quantas crianças estão no grupo.
   A professora ficou esperando. As crianças tinham dúvidas e fizeram perguntas. A professora repetiu a explicação com outras palavras.
De repente, uma aluna, que estava em um grupo de cinco, teve uma idéia. E logo mostrou cinco feijões para a professora.
- Como você descobriu?, perguntou a professora.
   A menina colocou um feijão na frente de cada criança, isto é, "casou" um feijão com cada criança, fazendo uma correspondência um-a-um. Seus colegas logo entenderam a idéia.
   Essa idéia de corresponder um-a-um, é muito importante na matemática. Na situação que acabamos de ver, ela permitiu às crianças obterem uma quantidade de feijões igual à quantidade de pessoas.
   Mesmo sendo importante, não precisamos explicar o que é essa correspondência às crianças. Basta que elas percebam a idéia e a usem. Isso é importante para que elas possam entender os números. As crianças da história dos feijões percebiam essa correspondência. Quando a professora começou a trabalhar com os números, elas aprenderam bem depressa.

Fonte: http://educar.sc.usp.br/matematica/let2.htm

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